A Teosofia em geral tem uma forte influência nos novos ensinamentos, especialmente em suas vertentes históricas centralizadas em Helena P. Blavatsky e sua sucessora espiritual Alice A. Bailey. Porém, dentro das revelações do Plano da Hierarquia, procura-se hoje dar uma cor mais “científica” ao tema, tratando basicamente de retirar os véus remanescentes, além de apurar sínteses e agregar idéias complementares, como seria a questão social e a própria espiritualidade e iniciação. Esta é a origem da “Teosofia Científica”, uma doutrina promissora que trabalha basicamente com a Ciência dos Ciclos. Uma Teosofia Científica reuniria -nada mais e nada menos- que os dois pólos extremos do conhecimento (espiritualidade e ciência), preenchendo daí todo o leque do humano saber.

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Uma “Teosofia Científica”*


Vemos amiúde que a sábia russa Helena P Blavatsky, esperava que com o tempo a Ciência fosse de encontro aos amplos números expostos na sua Doutrina Secreta. Contudo, tem sido demonstrado que a única forma de resolver esta situação é através de um encontro de dupla-mão.

Assim, quando nos deparamos com a idéia da “abertura das escolas de iniciação” e sobre a “revelação dos mistérios”, tal coisa apenas poderia se dar mesmo de uma dupla forma. De um lado, as Escolas devem realmente “abrir suas portas” ao mundo para admitir mais candidatos e em novos lugares (com a devida mudança ou flexibilização de critérios de admissão), porém, de outro lado ela deve trabalhar a sua própria linguagem, no sentido de uma abertura intelectual, assim como de uma aplicação mais ampla de seus conhecimentos.

Isto não significa reduzir o alcance de seus postulados, pelo contrário: somente aprofundando o saber é que ele pode chegar a se tornar universal e mais amplamente pragmático. De resto, apesar da linguagem se tornar mais clara e apurada, isto não deve significar sempre que todo o entendimento das coisas seja muito facilitado -poderá apenas estar se tornando possível, ou acessível para alguns-, uma vez que se poderá estar tratando de questões algo “abstratas” -não necessariamente “teóricas”- demonstrados sob uma linguagem inusual em torno de energias, dimensões, etc. Cremos sinceramente que, nisto, as especulações matemáticas da Física moderna, não raro corroboradas em laboratório, preparam o campo para novas revelações da Tradição de Sabedoria. Assim o importante é que se tenha aqui a essência deste espírito “científico”, que envolve a possibilidade de corroboração e a decorrente consensualidade.

Quando a mesma Blavatsky escreveu a série “Ísis sem Véu”, deixava bastante clara a sua intenção de desvelar os mistérios -coisa que logo deu continuidade com a sua monumental “A Doutrina Secreta” (um nome que já fala mais de “segredos” que de “revelações”?),** demonstrando o vigor intelectual e o manancial de revelações existentes por detrás das forças que regem o “Plano da Hierarquia”, e que em nenhuma de sua etapas esmoreceu, inspirando bela e amplamente os seus principais amanuenses, e ainda outros ligados secundariamente às suas fases.

Muita coisa veio à luz ali, na pena de vários autores inspirados, gerando uma espécie de “escola aberta”, naturalmente ainda sem toda a profundidade possível aos Mistérios, mas bastante feliz como uma nova visão das coisas, aproximando saberes e tradições, outorgando-lhe verdadeiros ares de“revelação”. Novas linguagens foram elaboradas para traduzir os Mistérios Eternos, em parte de forma genial, e em parte nem tanto. Contudo, o ciclo teosófico alcançou apenas o que era possível na sua época, que foi “revelar” mistérios no sentido de colocar novos véus, não oferecendo ainda toda a clareza científica necessária à compreensão cabal das coisas.

Ora, aquilo que não é compreensível, aplicável, cotejável e corroborável, mesmo que supostamente envolva a mente superior, permanece na prática no campo da fé para aqueles que não entendem -e o conhecimento não necessita ser assim tão seletivo e inacessível, a não ser que se queira alimentar dogmas e manter a mistificação. Para o verdadeiro sábio, existem mistérios demais no Universo para alguém se dar ao luxo de ocultar ou “velar” saberes menores. Dizia Pitágoras que o noviço é um “ouvinte”, ele não deve questionar porque ainda não pode compreender -é claro que isto dá margem para os embustes intelectuais dos falsos gurus. De toda a forma, bases seguras para um “noviciado de Nova Era” estavam sendo conferidas pelo ciclo teosófico, que a seu tempo poderia ser em parte apuradas.

Após ter chegado a Sociedade Teosófica ao seu apogeu, angariando um reconhecimento mundial, envolvendo até mesmo certa atuação política (na Índia, em especial), suscita ela os inevitáveis escândalos -caluniosos ou não- que traz o prestígio e o poder. Daí surgem as dissidências e as ramificações naturais, e com isto os olhos da Hierarquia podem pousar em outros grupos em ascensão, a fim de trazer novas etapas de revelação.

É assim que, sobre toda esta ampla e fecunda base, um antigo membro inglês da “série interna” de uma Loja americana, chamado Alice A. Bailey, após estudar tudo aquilo que os teosofistas traziam, em especial a sua Fundadora, começa a se desligar da instituição e se aproximar dos seus Mentores, avançando bastante mais no conhecimento trazido naquele ciclo. Assim como sucede de certa forma a outros autores da sua época, como o francês Dane Rudhyar, astrólogo profundo que, todavia, jamais se afastou muito da segurança da mente racional, mesmo em termos superiores, dando ampla atenção àquilo que a Ciência afirma, não apenas para corroborar o esoterismo, mas para contestar a superstição mística. O resultado disto, foi uma saudável abordagem simbolista e original (de origens, mesmo), pitagórica e platônica dos Mistérios.

Bailey demonstrou, por sua vez, uma capacidade verdadeiramente iluminada de exegese da Doutrina Secreta, algo inédito que muito auxiliou a espiritualidade do mundo, considerando que muitos autores teosóficos de então quase se limitavam a explanar dogmas inacessíveis, como faz a obra "didática" de Arthur Powell.

Tudo isto foi muito importante no sentido de apurar a compreensão e de conferir fundamentos mais práticos e objetivos -eventualmente também mais modernos e ocidentais- para a sabedoria esotérica. A diferença foi radical. Ou será que alguém pode realmente imaginar que as acérrimas críticas manifestadas por Blavatsky contra certas tendências e tradições ocidentais eram realmente provenientes do espírito da Hierarquia?

Com seu anti-clericalismo radical, Blavatsky termina por ser responsável pela separação excessiva do esoterismo com a religiosidade popular, assim como por uma sobrevalorização também dogmática da sabedoria oriental, nem sempre tão meritória assim, prejudicando as sínteses necessárias da espiritualidade mundial.

Bailey era nisto tudo mais compreensiva e ponderada, respeitando mais as estruturas ocidentais de pensar. A partir daí estavam abertas as portas do discipulado e -talvez com a ajuda de um ou de outro ensinamento- até mesmo da iniciação, para aqueles que tivessem muita perspicácia e determinação; possibilitando então a evolução e a continuidade do Plano.

Chegada então a etapa final, já não se tratava tanto de fornecer elementos para a iniciação individual, porque isto já havia sido feito -e até alcançado na prática em certa escala (não em termos quantitativos ainda, mas qualitativos), no local e no momento necessário, após se haver bebido profundamente nas mais avançadas revelações da Loja Branca, diretamente integradas ao Plano ou não. Para isto já seria preciso ter todo o conhecimento “esotérico” bem claro para ser entregue ao mundo a fim de ser assimilado pelo maior número de pessoas, para servir enfim de base para a geração de um novo consenso coletivo.

Daí haver sido anunciada para esta etapa a “revelação dos mistérios antigos”, promovendo também a iniciação coletiva que Bailey já vinha preparando de certa forma. Por isto a nova etapa envolveria da mesma forma amplamente a face espiritual da política, política que membros teosóficos já haviam realizado sob o pragmatismo da época, que Bailey penetrou a seu modo sistematizante, e que agora toca analisar desde um ângulo mais propriamente restaurador das praxis tradicionais.

Hoje tudo isto apresenta uma nova etapa de organização e revelação, visando a conclusão do Plano da Hierarquia. Talvez o grande propósito desta Série “Mistérios Celestes”, seja oferecer uma ponte entre a Ciência e a Religião, assim como entre a Arte e a Filosofia. E apesar dos vínculos diretos (analisados em pormenores na continuidade) havidos entre esta Série com os ensinamentos dos ciclos teosófico (Blavatsky) e arcânico (Bailey), assim como indireto tendo aquele como “gênese” mais ou menos remota, os presentes ensinamentos (do ciclo que temos chamada “agarthino”) se pretendem sob muitos ângulos independentes, “científicos” e auto-evidenciados, não necessitando em maior grau a crença ou o seguimento daqueles ou de quaisquers outros, dentre os vários saberes que certamente influenciaram o pensamento do autor. As revelações são o fruto amadurecido que atestam por si só a firmeza das raízes, e apenas indiretamente dão testemunho de suas bases históricas.


Em todos os casos, as citações (que por vezes abundam nesta Série, algo ao estilo de Bailey em sua obra fundamental de “exegese”, o “Tratado sobre Fogo Cósmico”) representam quase meras referências, sem tanta intenção de fazer “tributo às fontes” senão enquanto literatura, e menos ainda sugerir se tratar da continuidade de uma “revelação inspirada”, embora naturalmente o seja em grande parte.

Note-se que os augustos Símbolos tradicionais analisados à luz das Revelações Primordiais, esteiam-se invariavelmente em veneráveis tradições antigas. Mesmo na questão espiritual ou iniciática, o cotejamento de informações é ecumênico, que de resto auxilia a corroborar os ensinamentos anteriores do Plano*** –no mais, se oferece a possibilidade de corroboração científica da condição do iluminado através de aparelhos mecânicos, para aqueles que cumprem os requisitos do Plano e suas iniciações, especialmente nas etapas mais avançadas.

Vemos comumente os autores místicos darem ênfase no tributo pessoal a alguma “fonte” anterior ou remota –num vínculo que, embora teoricamente nobre, neste caso devemos reconhecer que permanece quase sempre hipotético. É assim, para exemplificar, com os “mestres de sabedoria” da Teosofia, ou mesmo com a “antiguidade” de certas revelações de Saint Yves d’Alveydre.

Contudo, aquilo que é subjetivo jamais poderá ser universal e nem muito “científico”. O subjetivismo pode ser muito válido individualmente e até resultar em frutos respeitáveis, mas provavelmente sempre despertará muito ceticismo, prejudicando daí a geração de um consenso capaz de renovar a cultura mundial. Não obstante ser necessário haver um consenso pró-abstrato, ele pode e deve se dar como uma síntese. Nisto, a fé pode ser relegada às esferas mais elevadas, sem necessidade de outorgar “autoridade” a questões menos tangíveis. Daí a importância de parampara, “a sucessão apostólica”, como representação histórica e permanente de Deus na Terra. Naturalmente estamos aqui em plena esfera da Mente superior, onde nasce a Ciência divina, mas a Ciência se destina a ser universal e alcançar também esferas mais tangíveis. Para isto existem vários recursos, com destaque para a Lei de Analogia (“assim como é em cima é em baixo”), mas também a Unidade das coisas que gera a interpenetração das esferas, tal como demonstra o símbolo do Tao, onde o feminino semeia o masculino e vice-versa. Além da citada possibilidade de se corroborar as conquistas espirituais através de aparelhos mecânicos.

Sobre a “Teosofia Científica”****

(...) A busca da Verdade –inerente à expressa Satya Yuga, “Idade de Ouro”, Idade para a qual nos dirigimos- retoma, sem preconceitos, antigos postulados, tratando de encontrar “aqui e ali” indicações e possibilidades relegadas no roldão de visões menos abrangentes da vida. Tal coisa abre caminhos para sínteses fabulosas e ousadas, transculturais e transdisciplinares, como aquelas oferecidas na “A Doutrina Secreta”. E é deste modo que, em tempos mais recentes, a palavra “Teosofia” foi retomada por Helena P. Blavatsky, para difundir esta síntese inspirada de Filosofia, Religião e Ciência, dentro de um movimento de grande impacto mundial.
É esta síntese que também se manifesta através da formosa idéia da Sinarquia, o “Governo Conjunto” que está no centro daquilo que temos também chamado “A Religião da Civilização”. A Sinarquia é o sistema natural do Estado social, sem viés político mas apenas cultural. Por isto muitas vezes se lhe associa ao Governo Paralelo do Mundo, as Lojas dos Mestres ou suas ramificações.

Não obstante, é preciso dizer que muita coisa tem sido trazida à tona ainda sob muitos véus, mitos e alegorias. As Ciências Esotéricas são naturalmente detentoras de grandes mistérios e profundidades. Porém, forçoso é reconhecer que, por sua própria natureza, este campo tende a ficar minado e prenhe de fetiches e de mistificações -especialmente na medida em que dele tenta se apoderar o leigo ou o semi-leigo. Boa parte destes desvios são fomentados pelos “Irmãos das Trevas”, que buscam criar falsos ares de poderes, de superioridade e de sabedoria para iludir as pessoas. No mais, toca aos próprios limites de interpretação ou de capacidade de expressão daqueles que, na falta de um ‘canal’ mais adequado, são escolhidos para transmitir algum conhecimento superiormente “inspirado”.

Contudo, enquanto perdurar esta situação, as Ciências Sagradas não poderão oferecer à Modernidade tudo aquilo que podem fazer em favor da reintegração de um Saber Pleno para o mundo. É por esta razão que temos insistido que a verdadeira reabertura das ‘Escolas de Mistérios’, diz mais respeito não tanto às suas “portas externas” para receber mais pessoas, mas sim às suas “portas internas” no sentido da decodificação dos seus saberes, seguida de propostas de sua reaplicação em diferentes escalas em favor da sociedade.

Os saberes transmitidos pelos teósofos tiveram efeito mais por sua originalidade, do que pela sua compreensão prática -seja pela elevação do tema, seja pela sua “abstração” ou relativa falta de clareza e “véus remanescentes”- embora a sua mera formulação e estudo sejam considerados matéria iniciática. Muitas teorias foram desenvolvidas com base metafísica e espírito paracientífico para “explicar” postulados tradicionais como a reencarnação e mesmo para fundamentar mitos e tradições antigos.

Não obstante, apenas alguns véus foram realmente retirados através disto tudo. A própria Doutrina Secreta anunciava que os Mistérios possuem Sete Chaves (e cada chave ainda deve ser girada sete vezes) - e destas, somente algumas estariam realmente disponíveis em sua época.

Num século em que a Ciência era a tônica, a nova Teosofia tentou dar uma conotação científica aos mitos. Muita confusão sucedeu então, na tentativa de destrinchar as camadas de realidades existentes por detrás de tais sínteses monumentais. Ciência e mitologia não falam a mesma linguagem, e menos ainda se assemelham os valores que as inspiram.

Contudo, o processo não se deteve ali. Esforços foram encetados através de sucessivas gerações de servidores, sensitivos e intelectuais, até se começar a sentir realmente um “solo firme sob os pés.”

Para alguns, a evolução da revelação significava enveredar em “mistérios” que não raro assemelhavam mais a fábulas para crianças -até certo ponto é natural que, em se tratando de matérias elevadas, o avanço do conhecimento traga mais e novos mistérios, como é o caso das novas “iogas” que foram reveladas. Outros, no entanto, trataram de trazer novamente para a Terra a lenda e para a História a alegoria, mesmo correndo o risco de perder certo encanto, aquele mesmo encanto que havia nas almas nobres que gestaram as lendas e as epopéias. Contudo, esta revelação radical tem também um segredo íntimo, que é o de buscar reencantar o próprio mundo. Seria, aliás, imprescindível compreender que o próprio poder de executar tal tarefa, já representa em si mesmo um dos maiores indícios de uma nova Revelação ou, para usar uma expressão antiga, de uma verdadeira Nova Criação do Mundo... Assim como da outorga dos elementos para que tal coisa seja “na prática” efetivada, por e para todos.

Tudo isto seria internamente orientado pela Loja dos Mestres, visando a preparação da Humanidade para a Nova Era e para uma nova Idade de Ouro, quando os próprios Mestres voltariam a se manifestar para orientar a humanidade nestes difíceis tempos de transição. Pois esta seria uma das grandes características das mudanças de ciclos raciais, quando as crise finais de civilização ou de modelo cultural, colocam em cheque o próprio equilíbrio da Natureza e a humanidade numa situação fragilizada.



* Da obra “Os Ciclos-Raiz – a Arte da Unidade”, segmento do Prefácio, adaptado para esta edição.
** “(...) muitos aspectos do texto estão velados por um simbolismo não inteiramente explicado. Isto se deve, segundo Blavatsky, ao fato da humanidade não estar ainda totalmente preparada para conhecer certos ensinamentos que devem permanecer secretos.” (http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Doutrina_Secreta)
*** Havia a possibilidade de manter todo este material como faz certa escola esotérica nacional conhecida, com uma série de escritos “internos” do seu Fundador -chamados ali, aliás, de “Cartas Celestes”, que embora se tratem de correspondências, envolvem mais uma coincidência com estes nossos “Mistérios celestes”-, às quais o estudante tem acesso após anos de estudos e práticas.
**** Da obra “Tetragrammaton – a Divindade Criadora”, segmento de Prefácio.

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